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NINA – epílogo

Aproveitando, enquanto o Zé Cabelinho e os três palhacinhos estão envolvidos com as crianças naquele clima de alegria, brincando com as tabuadas, Nina afasta-se deles e vai a um canto do picadeiro, parecendo ficar muito triste de repente; as crianças que estão mais próximas dela, percebem essa mudança  no seu humor. Ela olha para cima enquanto as crianças percebem algumas lágrimas caindo dos seus olhos. Os outros palhaços nem notam a mudança no seu comportamento; passados alguns minutos, Zé Cabelinho percebe que ela ficou isolada do grupo e assim vai até ela e vê as lágrimas nos seus olhos, e surpreso lhe pergunta:

– Hei, Nina, o que foi que lhe aconteceu?

– Nada, Zé, nada… continuem com a escolinha…

Zé Cabelinho, disfarçando, chama o UM o DOIS e o TRÊS e vão lá para dentro buscar um copo com água para reanimá-la, enquanto dão um tempo para que ela se reanime…Bem, aquilo tudo era um ensaio, mesmo.

As crianças que estão no circo assistindo, começam a ficar tristes também, como que envolvidas por aquela atmosfera que NINA gerou… Ela agora está sentindo uma saudade enorme do Risadinha, seu marido, e antigo dono do circo. Não esconde das crianças esse seu sentimento agora, porque acha isso muito importante, pois as crianças precisam se acostumar com os momentos tristes, de vez em quando; não é somente de alegria que é constituído o mundo dos palhaços; eles não podem proporcionar alegria o tempo todo, porque suas mágoas, com quem irá dividir? É por esse seu comportamento que as crianças daquele bairro pobre adoram a Nina e sempre vão assistir aos seus ensaios e sempre ganham entradas gratuitas em dias especiais. Nina é tão transparente no picadeiro como em sua vida particular; quando fica triste fica mesmo!

Ah…Risadinha…há momentos que é tão difícil de continuar nessa carreira…eu preciso muito da sua ajuda ainda; será que você está gostando de tudo isso?  Pensava Nina, e vai ficando cada vez mais estranha, enquanto há um silêncio geral na plateia…

Subitamente, do nada, eis que se materializa a figura de um palhaço, vestindo uma roupa toda prateada e  envolvido por uma aura de luz enquanto ouve-se uma suave melodia; a luz, aos poucos vai irradiando-se por todos os lados e as crianças  ficam embevecidas com a sua  luminosidade;  só a Nina não o vê entrar porque nesse momento está enxugando algumas lágrimas que ainda insistem em cair dos seus olhos… O palhaço de luz, agora, vai suavemente por detrás  dela e a abraça com carinho e suavidade; Nina estremece, volta-se e atônita depara com a presença do Risadinha à sua frente…

– Risadinha, meu Deus !!! É você mesmo??? Mal posso acreditar!!!…

– Sim, Nina, sou eu mesmo, e passa a seguinte mensagem, rapidamente: A nossa vida não termina após a morte do corpo físico e lá onde me encontro faço as mesmas coisas que antes, e acredite: as crianças gostam, riem muito, cantam, dançam e aprendem simultaneamente, lições edificantes sobre a vida e o universo…

– Mas como você conseguiu chegar até aqui? Céus!!!

– Ora, Nina, eu sempre venho aqui visitar vocês, porque gosto muito de crianças…somente me aborrece quando não posso fazer nada para ajudar algumas delas  que não acreditam em anjos da guarda…veja, o nosso filhinho UM, logo me avistou entre vocês porque sempre acreditou nisso, e não teve medo quando me viu…e continuou:  Nina, por favor, ajude as crianças e os jovens, livre-os das más tentações… eu a apoiarei em nome de Deus! Foi Ele que me permitiu estar aqui nesse dia tão importante para todos nós…fui eu que arranjei o encontro do Zé Cabelinho com você hoje…

Nina pensa que está sonhando e então tenta tocar aquela linda figura de palhaço prateado para comprovar se ele era real… mas nesse exato momento ele se afasta dela acenando e dizendo:

– Agora preciso ir-me embora…boa sorte. Confiem sempre em Deus e nos anjos da guarda…Adeus…adeus , ou … até breve!!! Nisso, entram correndo o Zé Cabelinho e os três palhacinhos com a água para ajudá-la a se recompor, mas ela agora, já não precisava mais deles pois estava tão eufórica que os deixou novamente perplexos.

– Hei Nina, o que está acontecendo? Você está tão estranha, céus!!!

– É que…bem, é essa varinha mágica que me deixou assim, Zé!

– A  varinha mágica? – por falar nisso quero ver se ela funciona comigo também!

– Claro Zé, mas acima de tudo é preciso ter muuuita fé!!! – Vamos lá crianças, agora somos palhaços professores, educadores, cantores e vocês???  Huumm…vocês são uns amores!!!- brinca o Zé Cabelinho, contagiado com o bom humor da Nina.  Um, dois, três…varinha mágica, varinha mágica…quero que apareça…

UM MONTÃO DE BALAS PRA VOCÊS !

Silêncio geral e expectativa… Um, dois, três, um dois três…ouve-se as vozes dos três palhacinhos marchando lá para dentro do circo e logo depois voltando, carregando muitos saquinhos de balas para serem distribuídas  às crianças da plateia. – Ôba, ôba ! – gritam alegres as crianças, gerando  uma confusão geral pois elas agora  também vão ao picadeiro abraçar os personagens enquanto cada palhaço tenta encerrar o espetáculo dizendo:

Senhoras, senhores e crianças! Está terminado o espetáculo desta tarde! Depois, todos cantam juntos:

Chegou o circo do palhaço Risadinha, um circo muito legal…

 

Extraído do livro A Varinha Mágica, de Helenice Rodrigues

NINA – 5º capítulo

Nina começa a tomar a tabuada do cinco, mas com exceção do palhacinho UM, todos erram confundindo tudo…conforme vão acertando, aos poucos, Nina vai colocando a tabuada no quadro negro. Pergunta também às crianças da plateia e quando elas erram, Nina faz uma advertência, fingindo que está muito brava…

Os palhaços brincam, dançam e todos riem muito, puxando as orelhas quando alguém erra… À certa altura da escolinha improvisada, Nina pergunta qual a tabuada que elas querem aprender agora…

– A do seis, a do nove, a do onze – vão respondendo algumas…

Nina então pega novamente o giz e começa a colocar a tabuada do nove no quadro negro, quando, de repente, o palhacinho UM começa a falar em um tom bem alto, interrompendo a sua mãe:

– Mãe, essa não…coloca a tabuada do seis!  Nina tenta prosseguir na tabuada do nove, mas o UM , meio alterado, novamente pede a ela para colocar a tabuada do seis…

– Por quê a tabuada do seis, UM ? – interroga Nina…

– Porque nós estamos seis! – responde ele, contando nos dedinhos…

– O quê UM, nós estamos seis? kkkkkk, ri Nina…enquanto  os outros palhaços do grupo também riem, dando cambalhotas…

UM, queridinho da mamãe, nós estamos cinco, veja bem, diz Nina, com muita paciência e pegando a varinha mágica, aponta um por um as cinco pessoas que estão no picadeiro…

– Nós estamos seis – choraminga UM, enquanto Nina conta tudo novamente à frente dele… e logo em seguida pergunta-lhe: Quem é a sexta pessoa que você está enxergando UM?

– É o papai!!! Não está vendo não? Olha ele aí!!!

Nina ao ouvir aquilo se arrepia toda e diz:  mas filhinho, o papai morreu!!!

Zé Cabelinho, o DOIS e o TRÊS também se arrepiam até parando de brincarem…. Nina se perturba com essa história do UM, disfarça e volta ao entusiasmo inicial, dizendo às crianças:

– Então crianças, vamos aprender um pouco a tabuada do seis?

– Vaaamos, respondem em coro…

Cantando com a gente então, vamos…vamos, alegria pessoa!!!

Vou ensinar a vocês a tabuada do seis… Seis por um é seis, seis por dois é doze…. e assim por diante…

A escolinha agora não é somente no picadeiro…Os cinco palhaços vão dançar junto às crianças, e imitando os professores, tomam cantando a tabuada do seis e as outras já solicitadas pelas crianças, e dessa maneira todas se divertem, aprendendo…

O Zé Cabelinho aproveita para exibir todo o seu talento artístico enquanto os palhacinhos embora novatos na profissão já sabem muito bem como agradar as crianças que vão assisti-los…Nina, sentindo-se uma fada, dança e canta alegremente, tocando suavemente as cabeças de cada criança com a varinha mágica,  feita de vara de pescar com uma estrela dourada no lugar do anzol…

 

( continua no  6º e último capítulo)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

NINA – capítulo 4º

– Como você pode observar isso é um efeito da minha fértil imaginação, da minha criatividade como mãe e palhaça! Hoje em dia, a gente não é só mais um número no meio da multidão? De que adianta levar um tempão escolhendo nomes se depois ninguém vai ligar? Pois eu lhe garanto Zé, que os meus três filhinhos ainda vão ser alguém na vida com esses números! …Quero dizer,com esses nomes… kkkk, diverte-se Nina.

– Um , Dois e Três !!! – Essa não, Nina, só você mesmo para inventar uma coisa dessas… fala o Zé, não se conformando…  Enquanto eles conversam sobre os seus nomes, os três palhacinhos dão cambalhotas, dançam, brincam e  alegram as crianças da plateia…

– Mas essa varinha mágica…será que funciona mesmo? – Zé Cabelinho pergunta bem baixinho  às crianças…

– Agora, chega de tantas perguntas, Zé … Nina se aproxima dele e lhe diz:- que tal começar a alegrar a criançada? E para as crianças:

– Hei crianças, vocês podem ajudar a gente? Olha…hoje nós estamos fazendo somente uma experiência, um ensaio… mas tudo vai depender sabe de quem? De Vooocês! Certo?

– Certo – respondem em coro…

– O nosso sucesso depende de vooocês ! – grita o Zé. E repete: Varinha mágica, varinha mágica…

Depois, Nina, Zé Cabelinho e os três palhacinhos cochicham num canto  e depois todos correm lá dentro para pegarem uma música de Charles Chaplin,  um quadro negro e giz. Pronto ! Está montada uma escolinha…Colocam a música para tocar e todos começam a dançar enquanto montam a escolinha improvisada no picadeiro, sob o olhar atento das crianças…Nina segura a varinha mágica e usando-a como se fosse o antigo apontador da professora, indica o quadro negro enquanto o Zé e os três palhacinhos sentam-se à sua frente como se fosse seus alunos…

(continua…)